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Violência sexual contra crianças e adolescentes cresce 21% em Mato Grosso
Dados alarmantes reforçam necessidade de políticas públicas e mobilizam autoridades no Maio Laranja
Por João Ricardo
26 de Maio de 2025 às 06:55
Em um cenário preocupante, os casos de estupro de vulnerável contra crianças e adolescentes aumentaram 21% em Mato Grosso entre 2023 e 2024, conforme levantamento do Poder Judiciário do Estado. Em 2023, foram registrados 1.714 processos; já em 2024, esse número subiu para 2.082. Somente nos primeiros quatro meses de 2025, 627 novos casos já foram distribuídos para investigação.
O estudo, elaborado pela equipe de Inteligência de Negócio do Departamento de Aprimoramento da Primeira Instância (DAPI) da Corregedoria-Geral da Justiça (CGJ), utilizou dados do Painel Litígio Analítico da área de Ciência de Dados. Os cinco municípios com maior número de processos envolvendo crianças e adolescentes em 2025 são: Cuiabá (2.555), Rondonópolis (1.367), Várzea Grande (1.328), Sinop (1.105) e Primavera do Leste (603).
Na capital, dados da Vigilância Epidemiológica, consolidados pela Rede Protege, indicam que 73,7% das violências sexuais ocorreram dentro do ambiente doméstico. A maioria das vítimas são meninas adolescentes, e em 46% dos casos, a violência foi repetida mais de uma vez.
Diante desse cenário, o Poder Judiciário de Mato Grosso e o Ministério Público Estadual promovem, nos dias 29 e 30 de maio, o 4º Encontro Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. O evento, que ocorrerá no Plenário 1 do Tribunal de Justiça em Cuiabá, tem como objetivo discutir estratégias de enfrentamento às diversas formas de violência e fortalecer a rede de proteção.
A programação inclui painéis e debates sobre temas como violência sexual, escuta protegida, entrega voluntária, medidas socioeducativas e direitos fundamentais. A participação é gratuita e aberta a magistrados, promotores, defensores públicos, conselheiros tutelares, assistentes sociais, psicólogos e demais profissionais, além da sociedade civil. As inscrições podem ser realizadas pelo site oficial do evento.
O procurador de Justiça Paulo Roberto Jorge do Prado, titular da Procuradoria Especializada na Defesa da Criança e do Adolescente, enfatiza: "Os números são graves e não podem ser ignorados. Eles revelam uma realidade cruel: nossas crianças e adolescentes continuam sendo vítimas de violência, muitas vezes dentro de casa. E esse ciclo perverso precisa ser rompido. Por isso, neste Maio Laranja, o recado é claro: não podemos nos calar. Denunciar é um ato de coragem e de cuidado. A proteção da infância é um dever coletivo. Esteja atento, escute, denuncie. O silêncio alimenta a violência".