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Imagem: Agro FM
De 3 mil hectares ao topo: Lucas do Rio Verde lidera polo algodoeiro em safra de desafios
Presidente da AMPA, Orcival Guimarães, projeta recuo de até 15% na área de algodão em MT para 2025/26 e aponta juros altos como "vilões" do investimento
Por João Ricardo
23 de Dezembro de 2025 às 06:08
O cenário para a pluma em Mato Grosso na safra 2025/26 exige cautela e estratégia. Em balanço realizado nesta segunda-feira (22), o luverdense e presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA), Orcival Guimarães, estimou uma retração entre 10% e 15% na área plantada no estado. O recuo é reflexo de uma "tempestade perfeita" que combina atraso nas chuvas, preços internacionais desfavoráveis e o alto custo do crédito.
A ascensão meteórica de Lucas do Rio Verde
Apesar do viés de baixa para o próximo ciclo estadual, Lucas do Rio Verde permanece como o grande destaque positivo no mapa da cotonicultura. Orcival relembrou com orgulho a trajetória do município, que em 1997 plantava apenas 3 mil hectares e hoje ostenta o título de maior região produtora de algodão de Mato Grosso.
“Lucas foi a região que mais cresceu e hoje é o maior polo do estado. Sair do zero em 97 e chegar a essa posição é um orgulho para todos nós que somos daqui”, pontuou Guimarães. Ele atribui esse sucesso à vocação tecnológica e à capacidade de adaptação do produtor do eixo da BR-163.
O gargalo financeiro e a crítica aos juros
O ponto mais contundente da análise de Guimarães recaiu sobre a política monetária nacional. Com a taxa de juros na casa dos 15% ao ano, o presidente da AMPA alertou que a conta para o produtor — especialmente aquele que não possui infraestrutura própria de máquinas e algodoeiras — parou de fechar.
“Com o juro a 15%, ninguém aguenta. Você vai tomar crédito para investir em indústria ou expansão com esse custo? Não é viável. Combater a inflação a qualquer custo não é o caminho, pois sufoca quem produz”, criticou o dirigente. Ele lembrou que o algodão possui um ciclo longo de capital: o produtor planta em janeiro e só termina de comercializar a safra cerca de um ano e meio depois, em junho do ano seguinte, o que torna a dependência financeira ainda mais sensível.
Logística e Industrialização
Para o líder setorial, o futuro de Lucas do Rio Verde e região passa obrigatoriamente por dois pilares:
Infraestrutura: A conclusão da duplicação da BR-163, prevista para 2026, e a operacionalização de portos secos são vistas como fundamentais para manter a competitividade da região Norte.
Agregação de Valor: Embora veja a industrialização como um caminho natural e necessário, Guimarães defende que o processo seja estritamente privado. “Vai acontecer, mas deve vir da iniciativa privada. O papel do setor é criar as condições, mas o negócio precisa ser gerido por quem investe”, defendeu.
Resiliência no campo
Encerrando o balanço de final de ano, Orcival Guimarães deixou uma mensagem de pé no chão e otimismo aos produtores luverdenses e mato-grossenses. Reconhecendo que a agricultura é feita de ciclos de "vacas magras", ele reforçou que a demanda global por alimentos e fibras garante a relevância do Brasil no longo prazo. “As crises vêm e passam. O importante é manter a equipe, ter saúde e não desanimar. O crescimento serve para dar oportunidade às pessoas”, finalizou.
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