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Rumo investe R$ 6,5 bilhões em ferrovia que conectará Lucas do Rio Verde ao Porto de Santos
Projeto de 740 km entre Rondonópolis e Lucas do Rio Verde deve transformar escoamento da produção agrícola mato-grossense, tirando caminhões da BR-163 e reduzindo emissões de carbono. Primeira fase da obra será entregue em 2026.
Por João Ricardo
15 de Abril de 2025 às 10:42
A Rumo Logística, maior operadora ferroviária independente do Brasil, está prestes a mudar a lógica do transporte de grãos no Centro-Oeste com um investimento que pode chegar a R$ 6,5 bilhões em 2025. O destaque do pacote é a construção de uma nova ferrovia de 740 quilômetros, ligando Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, considerado o "coração da soja" em Mato Grosso.
O projeto tem o objetivo de aliviar a dependência da BR-163 — uma das principais rotas de escoamento da produção agrícola mato-grossense — e conectar diretamente as fazendas ao Porto de Santos (SP), via trilhos. O trecho será viabilizado por meio do modelo de autorização ferroviária e a previsão é que o primeiro terminal do trajeto, em Dom Aquino, entre em operação já em 2026, com capacidade para movimentar 10 milhões de toneladas por ano
“Estamos avançando para o coração da soja para que não haja mais necessidade de escoar pela BR-163, que é pista simples e passa dentro da Amazônia, o que dificulta a ampliação”, explicou Natália Marcassa, vice-presidente de Relações Institucionais da Rumo, durante entrevista ao podcast Exame Infra.
Marcassa também defende a ferrovia como solução ambiental e econômica. Segundo ela, o modal ferroviário emite oito vezes menos carbono que o rodoviário e será essencial para suportar o crescimento da produção agrícola no estado. “Essa ferrovia permitirá ampliar em até 60% a produção nos próximos 10 anos, sem desmatamento, apenas convertendo pastagens em áreas de lavoura”, pontua.
Além do investimento em Mato Grosso, a Rumo atua para ampliar sua capacidade no Porto de Santos, com um novo terminal privado em parceria com a americana CHS, que adicionará 10 milhões de toneladas à capacidade de grãos e 3 milhões para fertilizantes.
A empresa também está duplicando a Malha Paulista, principal ligação ferroviária com o porto, ampliando sua capacidade de até 80 milhões de toneladas até 2028. Desde a renovação da concessão, já foram investidos R$ 3,5 bilhões dos R$ 7 bilhões previstos.
Apesar do avanço com capital privado, a executiva critica o baixo acesso a financiamentos verdes e o desequilíbrio no crédito público. Segundo Marcassa, 70% dos financiamentos do BNDES para transporte ainda são destinados às rodovias, contra 30% para ferrovias. “Sem escala e financiamento acessível, muitos projetos não saem do papel”, conclui.
A chegada da ferrovia a Lucas do Rio Verde representa um marco logístico para Mato Grosso, com impacto direto na competitividade do agronegócio local e na redução de custos e emissões no transporte de grãos.