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APESAR DE AUMENTO NAS VENDAS EM FEVEREIRO, MERCADO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS ESTIMA ANO DE RETRAÇÃO
MESMO COM CENÁRIO NEGATIVO, RETOMADA É POSSÍVEL, AFIRMAM ESPECIALISTA E ENTIDADES DO SETOR
Por Claudinei Sorce
18 de Abril de 2024 às 11:25
Em fevereiro deste ano, o mercado de máquinas agrícolas registrou um crescimento de quase 44% em relação a janeiro, com a venda de pouco mais de três mil equipamentos, resultando em uma receita líquida de R$ 4,29 bilhões. Apesar desse resultado positivo, houve uma queda de 39% em comparação com o mesmo mês do ano anterior e uma redução de 40,5% no comparativo anual. Esses dados foram divulgados pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e pela CSMIA (Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas), que faz parte da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
Ambas as instituições reconhecem que, apesar do saldo positivo no resultado mensal, a expectativa é que os produtores rurais mantenham uma postura cautelosa em relação à demanda por novos maquinários. "Os associados da câmara de máquinas agrícolas da Abimaq projetam uma queda de 15% neste ano", afirmou Pedro Estevão, presidente da CSMIA. Por sua vez, a Anfavea prevê uma redução de 11% no setor, com fatores como condições climáticas e os preços das commodities influenciando diretamente as decisões dos produtores.
O setor de grãos, especialmente a soja, é o principal motor para a compra de equipamentos. No entanto, a soja enfrenta um período de baixos preços tanto no mercado interno quanto no internacional. "Os produtores enfrentaram uma redução na rentabilidade nesta safra, o que resultou em margens estreitas, e até negativas. Além disso, as taxas de juros do Moderfrota, principal linha de financiamento para maquinários, estão em 12,5% fixos por sete anos. Esses fatores combinados desencorajam novos investimentos", explicou Carlos Cogo, consultor da COGO Inteligência em Agronegócio.
Apesar disso, o especialista acredita que o segundo semestre trará uma recuperação gradual para o setor de máquinas agrícolas. "Estamos entrando em uma nova temporada, com custos de produção estáveis e uma rentabilidade esperada melhor para os agricultores em comparação com a última safra. Além disso, a presença do La Niña, fenômeno climático que historicamente resulta em boas produtividades, deve impulsionar o mercado", afirmou Cogo.
Outro ponto de atenção é o anúncio do Plano Safra, previsto para junho. "O governo federal está trabalhando para apresentar um plano mais robusto do que o atual. A Abimaq sugeriu volumes de recursos de R$ 26 bilhões e R$ 10 bilhões para o Moderfrota/Pronamp e Pronaf, respectivamente", comentou Estevão. No entanto, mesmo que esses montantes sejam confirmados, é necessário que as taxas de juros sejam mais atrativas para tornar o plano competitivo no mercado de financiamento.
Por fim, as feiras continuam desempenhando um papel crucial como catalisadoras de negócios e oportunidades para as empresas do setor. A Agrishow, que acontece de 29 de abril a 3 de maio, é uma das mais importantes nesse sentido e atrai produtores de diversas culturas. "Temos um cenário promissor para segmentos como cana-de-açúcar, café, arroz, trigo e citrus, que demandam equipamentos. A feira será um termômetro para avaliar esses nichos", concluiu o consultor.