Polícia Federal desmantela esquema de fraude milionária em créditos de carbono na Amazônia
Operação Greenwashing mira organização criminosa que lucrou mais de R$ 1 bilhão com crimes ambientais
Por João Ricardo
05 de Junho de 2024 às 09:35
Em uma ação contundente contra crimes ambientais e fraudes na Amazônia Legal, a Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, a Operação Greenwashing.
A operação tem como objetivo desarticular uma organização criminosa que atuava há mais de uma década na região, causando um dano ambiental estimado em R$ 606 milhões e obtendo lucro ilícito superior a R$ 1 bilhão.
Esquema sofisticado de grilagem e falsificação
As investigações revelaram um esquema complexo de grilagem de terras públicas, com a falsificação de títulos de propriedade e a utilização de dados falsos em sistemas oficiais.
A organização criminosa atuava em diversas etapas
Duplicação e falsificação de títulos de propriedade: Terras da União eram invadidas e seus títulos de propriedade eram duplicados ou falsificados, dando origem a documentos falsos que eram utilizados para registrar as terras em nome dos criminosos.
Inserção de dados falsos no Sistema de Gestão Fundiária (SIGEF): Com a colaboração de servidores públicos corrutos, dados falsos eram inseridos no SIGEF, o sistema eletrônico do INCRA, para legalizar as terras griladas.
Emissão fraudulenta de certidões e licenças ambientais: Servidores públicos da Secretaria de Terras do Estado do Amazonas (SECT/AM) emitiam certidões ideologicamente falsas e licenças ambientais fraudulentas para viabilizar as atividades ilegais da organização.
Exploração ilegal e venda de créditos de carbono
As terras griladas eram utilizadas para diversas atividades ilegais, como:
Exploração florestal: Mais de um milhão de metros cúbicos de madeira foram explorados ilegalmente, causando um dano ambiental estimado em R$ 606 milhões.
Pecuária em áreas protegidas: Gado "fantasma" era criado em áreas protegidas para atender às exigências de áreas com restrições ambientais, aumentando o valor das terras griladas.
Venda de créditos de carbono virtuais: Créditos de carbono falsos eram vendidos no mercado internacional, gerando um lucro ilícito de R$ 180 milhões para a organização criminosa.
Operação mobiliza grande efetivo e sequestra R$ 1,6 bilhão
A Operação Greenwashing contou com a participação de mais de 200 policiais federais e o apoio de diversas instituições, como o INCRA, a Receita Federal, a ANAC, o Ibama e o Ministério Público Federal.
Ao longo da operação, foram cumpridos:
5 mandados de prisão preventiva
76 mandados de busca e apreensão
108 medidas cautelares diversas da prisão
8 suspensões do exercício da função pública
4 suspensões de registro profissional no CREA
7 bloqueios de emissão de Documento de Origem Florestal (DOF's)
Sequestro de R$ 1,6 bilhão