Demissões impulsionam crescimento do número de MEIs no Brasil
Por outro lado, o estudo mostra que a taxa de sobrevivência dos MEIs é alta. 80% dos MEIs estabelecidos em 2019 continuaram existindo após três anos.
Por João Ricardo
21 de Agosto de 2024 às 12:14
Um novo estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou um dado alarmante sobre o crescimento do número de microempreendedores individuais (MEIs) no Brasil: mais da metade dos novos MEIs em 2022 foram pessoas que perderam seus empregos.
O levantamento mostra que 1 milhão dos 2,6 milhões de novos MEIs em 2022 foram demitidos, seja por justa causa, por vontade própria ou por término de contrato temporário. Essa realidade indica que, para muitos brasileiros, o microempreendedorismo se tornou uma saída para garantir a renda após a perda do emprego formal.
Empreendedorismo por necessidade
Segundo o analista da pesquisa Thiego Gonçalves Ferreira, o dado aponta que o microempreendedorismo individual, muitas vezes, é uma questão de necessidade. "A gente identifica que a maioria dos MEIs representariam a espécie de empreendedor por necessidade, uma vez que a causa do desligamento [do emprego anterior] não partiu dele, foi involuntário", explica.
Perfil dos novos MEIs
O estudo também revelou que os novos MEIs apresentam um perfil bastante específico. A experiência profissional anterior influencia diretamente a escolha da atividade a ser exercida como MEI. Por exemplo, 76,4% dos MEIs do setor da construção eram pedreiros antes de se formalizarem, enquanto 61,6% dos MEIs do setor de transporte eram caminhoneiros.
Desafios e oportunidades
Apesar do crescimento do número de MEIs, o estudo aponta que o segmento ainda enfrenta desafios. Menos de 1% dos MEIs empregam outras pessoas, e 38% trabalham em casa. Além disso, uma parcela significativa dos MEIs (28,4%) está inscrita no Cadastro Único (CadÚnico) e é beneficiária do Bolsa Família.
Por outro lado, o estudo mostra que a taxa de sobrevivência dos MEIs é alta. 80% dos MEIs estabelecidos em 2019 continuaram existindo após três anos.
Impacto na economia
O crescimento do número de MEIs tem um impacto significativo na economia brasileira. Os microempreendedores representam uma parcela cada vez mais importante do mercado de trabalho e contribuem para a geração de renda e emprego. No entanto, a alta taxa de empreendedorismo por necessidade também levanta questões sobre a qualidade dos empregos e a sustentabilidade dos negócios.