Fila de espera por transplante renal em Mato Grosso atinge números preocupantes, e retomada de procedimentos ainda é insuficiente
Com mais de mil pacientes na fila, Mato Grosso levaria pelo menos cinco anos para zerar a fila, considerando o ritmo ideal de transplantes.
Por João Ricardo
26 de Agosto de 2024 às 09:48
Mato Grosso, um dos seis estados brasileiros que não realiza transplante renal, enfrenta uma situação crítica, com uma fila de espera que não para de crescer. Em 2021, 160 pacientes aguardavam por um rim; hoje, são mais de mil, representando um aumento de mais de 500% em apenas três anos.
A Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES) lançou um chamamento público em maio deste ano, buscando hospitais para realizar o procedimento, evidenciando que o estado não realiza transplantes renais há quatro anos. O documento enfatiza a necessidade de 200 transplantes por ano para atender à demanda atual. Com mais de mil pacientes na fila, Mato Grosso levaria pelo menos cinco anos para zerar a fila, considerando o ritmo ideal de transplantes.
No entanto, a expectativa é que os procedimentos sejam retomados apenas em dezembro, com um número muito aquém do necessário. Inicialmente, apenas seis pacientes serão atendidos, com uma projeção máxima de 74 transplantes ao ano, tornando a meta de zerar a fila uma realidade distante.
Recentemente, em 19 de agosto, a SES publicou no Diário Oficial do Estado o resultado de credenciamento para a contratualização e realização de transplantes de rim. O Hospital e Maternidade São Mateus foi a unidade escolhida para prestar o serviço especializado em notificação, captação, retirada de múltiplos órgãos e transplante de rim, tanto de doadores vivos quanto falecidos. Apesar da contratualização prever a capacidade de realizar 72 transplantes ao ano, o hospital inicialmente terá como meta 24 transplantes anuais, com planos de incremento nos próximos anos.
A expectativa é que o contrato seja assinado nos próximos dias, e os atendimentos ambulatoriais de pré-transplante iniciem em setembro, com a seleção dos primeiros seis receptores e doadores do transplante intervivos. O primeiro transplante com doador vivo está estimado para dezembro. Paralelamente, o hospital começará os atendimentos para captação de órgãos de doadores falecidos, com expectativa de que esses transplantes ocorram até março de 2025.
No cenário nacional, a situação é igualmente preocupante. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 40 mil pessoas aguardam por um transplante de rim no Brasil. Enquanto 21 estados possuem 146 centros ativos para realizar esses procedimentos, além de Mato Grosso, outros cinco estados — Acre, Sergipe, Amapá, Roraima e Tocantins — também não realizam transplantes renais, o que amplia ainda mais o desafio enfrentado pelas autoridades de saúde.
Com a retomada dos transplantes ainda aquém do necessário, pacientes em Mato Grosso continuarão enfrentando longas esperas por uma chance de tratamento, agravando a crise de saúde pública no estado. A ampliação do número de procedimentos será crucial para reverter esse cenário e oferecer esperança a quem espera por uma nova vida.