Notícias→AGRONEGÓCIO →ESTUDO CONDUZIDO EM MT REVELA QUE 87,2% DOS PRODUTORES DE SOJA NÃO CONSEGUIRÃO COBRIR OS CUSTOS TOTAIS DA SAFRA 2023/24
ESTUDO CONDUZIDO EM MT REVELA QUE 87,2% DOS PRODUTORES DE SOJA NÃO CONSEGUIRÃO COBRIR OS CUSTOS TOTAIS DA SAFRA 2023/24
A REGIÃO MAIS AFETADA PELAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS ADVERSAS FOI A OESTE
Por Claudinei Sorce
08 de Abril de 2024 às 12:01
Realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) em colaboração com a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), o estudo foi divulgado na última sexta-feira (5) em Cuiabá. O levantamento contou com a participação de 1.187 produtores responsáveis pelo cultivo de aproximadamente 2,5 milhões de hectares, o que representa 21% da área plantada total do estado, estimada em 12,1 milhões de hectares.
Dos produtores entrevistados, 80% já concluíram a colheita da soja. A pesquisa abrangeu 99 dos 141 municípios do estado.
Apenas 12,8% dos produtores relataram ter alcançado uma produtividade acima dos custos totais, estabelecidos em mais de 65 sacas. Enquanto isso, 87,2% afirmaram que suas produtividades serão inferiores aos custos. A produtividade média desses produtores ficou em 51,82 sacas por hectare, uma redução de 20,25% em comparação com a temporada anterior, que registrou uma média de 64,97 sacas por hectare.
Além da região oeste, as regiões sul e leste também foram impactadas pelas altas temperaturas e pela seca, decorrentes do fenômeno El Niño. Na região sul, a média de produtividade foi de 51,75 sacas por hectare, enquanto na região leste foi de 52,70 sacas por hectare. A região norte teve a maior produtividade, estimada em 53,49 sacas por hectare.
O levantamento também revelou que 9% dos produtores enfrentaram problemas de tombamento das plantas e 16,5% relataram abandono de áreas devido à baixa produtividade.
Em relação à segunda safra de milho, cujo plantio foi encerrado em 22 de março, os produtores da região leste foram os que mais reduziram a área plantada, com uma queda de 26,2% em comparação com o ciclo anterior. Nas regiões oeste, sul e norte, as reduções foram de 15,33%, 12,97% e 7,28%, respectivamente, resultando numa média estadual de redução de 8,44%, totalizando 6,94 milhões de hectares.
A Aprosoja-MT manifestou preocupação com a crise enfrentada pelo agronegócio em Mato Grosso e considerou as medidas anunciadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) como insuficientes para mitigar os problemas. Embora o CMN tenha aprovado a renegociação de até 100% das parcelas que vencem este ano de operações de crédito rural de investimento relacionadas à produção de soja, milho, leite e carne, a Aprosoja-MT solicitou a intervenção do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) para negociar com as empresas exportadoras sobre as cláusulas washouts, visando garantir alternativas para os produtores diante da crise.