Semeadura atrasada nos EUA pode reduzir safras e beneficiar Mato Grosso
O especialista estima que as condições climáticas adversas nos EUA podem resultar na redução de 36 milhões de toneladas na produção de milho e 25 milhões de toneladas na produção de soja
Por João Ricardo
22 de Julho de 2024 às 09:59
A semeadura fora da janela ideal de milho e soja nos Estados Unidos pode trazer perdas significativas para as safras do país, segundo o professor PhD em Meteorologia, Luiz Carlos Molion.
Em live realizada na quinta-feira (18) no YouTube e Instagram da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Molion alertou para o atraso na semeadura de 9% do milho e 22% da soja, além do risco de geadas e nevascas no inverno americano.
Risco de perdas nos EUA e oportunidades para o Brasil
O especialista estima que as condições climáticas adversas nos EUA podem resultar na redução de 36 milhões de toneladas na produção de milho e 25 milhões de toneladas na produção de soja. "Esses plantios feitos tardiamente correm um risco muito grande em função do inverno, que deve começar antes", alerta Molion. "Devemos ter no final de setembro, início de outubro, geadas precoces no Hemisfério Norte e isso deve impactar o ciclo de crescimento."
As consequências do atraso na semeadura nos EUA podem se estender para outros países, principalmente aqueles do Hemisfério Sul que estão fora dos trópicos, como Argentina, Paraguai e região Sul do Brasil. Molion prevê que a Argentina, terceira maior exportadora de milho do mundo, deve ter sua produção reduzida.
Para o Brasil, em especial para Mato Grosso, as previsões são mais otimistas. O estado deve ter condições favoráveis para a safra de soja, com o plantio autorizado a partir de 7 de setembro. Apesar do início do mês apresentar chuvas reduzidas, Molion acredita que a partir da segunda metade de setembro o volume de chuvas aumentará, favorecendo o plantio da oleaginosa.
Plantio na segunda quinzena de setembro e veranico em janeiro
O especialista recomenda o plantio da soja na segunda quinzena de setembro, visando a colheita no ciclo normal da planta em janeiro de 2025. Ele ainda prevê um veranico em Mato Grosso na segunda metade de janeiro, o que deve auxiliar na colheita.
"É importante, nas primeiras chuvas de setembro, conseguir segurar essa água, obrigando a infiltração da água no solo e aprofundando o sistema radicular da planta. Com isso, a planta aumenta o seu volume horizontal do sistema radicular e, se pegar um veranico em janeiro, por exemplo, ela vai ter um volume de solo maior pra explorar", explica Molion.