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Soja: Clima favorável, demanda da China e incertezas da reforma tributária moldam cenário para 2024/25
O IV Simpósio Técnico Aprosoja-MT, realizado na última quarta-feira (07.08), apresentou um panorama otimista para a safra 2024/25, com a expectativa de um clima favorável e uma demanda crescente da China pela oleaginosa.
Por João Ricardo
12 de Agosto de 2024 às 07:23
O futuro da produção de soja no Brasil, principalmente em Mato Grosso, está ligado a um conjunto de fatores que vão além do clima e da demanda internacional. A tributação, em especial, se configura como um dos principais desafios para os produtores, diante das incertezas geradas pela reforma tributária.
Clima e demanda chinesa impulsionam produção, mas preços podem sofrer
O IV Simpósio Técnico Aprosoja-MT, realizado na última quarta-feira (07.08), apresentou um panorama otimista para a safra 2024/25, com a expectativa de um clima favorável e uma demanda crescente da China pela oleaginosa. No entanto, o analista de mercado Mateus Pereira alerta para a possibilidade de um excesso de oferta global, o que poderia pressionar os preços para baixo.
Diante desse cenário, Pereira recomenda que os produtores utilizem ferramentas de mercado, como os derivativos agrícolas, para proteger seus negócios e garantir uma rentabilidade mínima. “É preciso usar essas oportunidades que temos para ir travando gradativamente essa soja de 2025”, afirma.
Reforma tributária: preocupações com retrocessos e impactos no custo de produção
A reforma tributária, em especial a regulamentação do Projeto de Lei Complementar 68/2024, é outro ponto que gera preocupação entre os produtores. O PL institui o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) e o Imposto Seletivo (IS), e pode trazer impactos significativos para o custo de produção.
O consultor de Política Agrícola da Aprosoja-MT, Thiago Rocha, alerta que alguns acordos feitos durante a tramitação da PEC 45, aprovada em 2023, estão sendo desfeitos pelo PL 68. A principal preocupação é a possível limitação dos insumos agrícolas que teriam uma redução na alíquota de 60%, contrariando o texto constitucional.
O especialista em tributação Fábio Calcini reforça a importância de acompanhar de perto a tramitação da reforma tributária e de buscar soluções jurídicas para garantir os direitos dos produtores. “É um tema que vai ter muito debate, primeiramente político, tentar incluir no rol da lei, o máximo de insumos possíveis e, aquilo que ficar de fora, vamos ter judicializações”, pontua.
Profissionalização e planejamento são essenciais para enfrentar os desafios
Diante desse cenário complexo, os especialistas recomendam que os produtores invistam em profissionalização e planejamento. É fundamental que os produtores mantenham seus livros caixa em dia e busquem as orientações das entidades representativas da classe.
“O produtor vai ter que buscar profissionalizar cada vez mais, melhorar a estrutura, se aproveitar das estruturas que as entidades fornecem, isso vai ser fundamental para caminhar adequadamente”, afirma Calcini.