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Polícia Civil desarticula núcleo financeiro de facção que movimentou R$ 22 milhões com tráfico de drogas em MT
Terceira fase da Operação Eclipse cumpre 68 ordens judiciais e prende liderança da facção que atuava em 43 cidades; esposa e empresário também foram presos
Por João Ricardo
05 de Junho de 2025 às 08:22
A Polícia Civil de Mato Grosso, por meio da Delegacia de Água Boa, deflagrou na manhã desta quinta-feira (6) a terceira fase da Operação Eclipse, com o cumprimento de 68 ordens judiciais para desarticular o núcleo financeiro de uma facção criminosa que movimentou mais de R\$ 22 milhões com o tráfico de drogas em 43 cidades do estado.
A ofensiva policial cumpriu cinco mandados de prisão, 16 mandados de busca e apreensão, 16 sequestros de bens móveis e imóveis avaliados em mais de R$ 1 milhão e 14 bloqueios bancários de até R$ 7 milhões nas contas dos investigados. As ações foram realizadas nos municípios de Água Boa, Rondonópolis e Canarana.
Entre os presos está o principal alvo da operação: um homem apontado como responsável pela contabilidade e finanças da facção, que chefiava o tráfico de drogas em diversas cidades, incluindo Água Boa, mesmo sem nunca ter residido no município. Ele operava o esquema a partir de Rondonópolis, onde mantinha uma vida de luxo com imóveis, veículos de alto padrão e uma chácara de lazer. Sua esposa também foi presa por atuar diretamente na gestão criminosa e manter um elevado padrão de consumo.
Outro preso é um empresário do setor de vestuário em Rondonópolis, suspeito de auxiliar na lavagem de dinheiro da facção. Além deles, outros dois comparsas com funções logísticas e financeiras no grupo também foram detidos.
Articulação criminosa em todo o estado
As investigações iniciadas em 2023 revelaram que o líder preso hoje não apenas comandava o tráfico local em Água Boa, mas exercia papel estratégico dentro da facção, sendo responsável por receber relatórios e controlar o fluxo financeiro do comércio de entorpecentes em pelo menos 43 cidades mato-grossenses, entre elas Nova Xavantina, Confresa, Gaúcha do Norte, Paranatinga, São Félix do Araguaia, Primavera do Leste, Pedra Preta e Juscimeira.
A estrutura criminosa funcionava como uma organização empresarial, com prestações de contas, distribuição territorial e atuação hierarquizada. O objetivo da operação, segundo o delegado Matheus Soares Augusto, titular da Delegacia de Água Boa, é justamente atingir o topo da pirâmide criminosa.
“A prisão de membros de alto escalão ou mesmo com relevância estratégica obriga os criminosos a se reorganizar e provoca diversos danos colaterais internos na facção. O objetivo primário é promover a desestabilização do grupo com prisões precisas de membros com relevância estratégica e logística, atrasando assim o avanço do grupo criminoso”, afirmou o delegado.
A operação contou com apoio do Núcleo de Inteligência da Regional de Água Boa, da Delegacia de Roubos e Furtos de Rondonópolis e da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO). O material apreendido e os dados financeiros seguem em análise, podendo resultar em novas fases da operação nos próximos meses.